Preço mínimo do produto vai a R$ 5 mil, ao contrário dos modelos atuais que valem R$ 1.500
Uma mudança anunciada pelo Ministério de Minas e Energia vai doer no bolso do consumidor que quer trocar de geladeira e congeladores de uso doméstico. A mudança, segundo resolução publicada na última sexta-feira, pretende enrijecer as regras de eficiência energética que definem quais modelos podem ser vendidos no país. A Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) prevê a retirada das lojas de refrigeradores mais baratos do mercado, o que elevaria o preço mínimo do produto para mais de R$ 5.000, ao contrário dos modelos atuais que custam a partir de R$ 1.500.
A primeira etapa, que começa a valer a partir do próximo dia 31, só poderão ser fabricados e importados refrigeradores que tenham um índice máximo de 85,5% do consumo padrão de energia. As fabricantes e importadoras ainda poderão vender os produtos que já haviam estavam no mercado antes desse prazo-limite até o final de 2024. Já a partir de 31 de dezembro de 2025, as empresas de varejo e atacadistas não poderão mais vender modelos com eficiência energética acima do patamar.
SEGUNDA ETAPA
Até o fim de 2027, esse teto será reajustado para 90% – percentual definido na segunda etapa. Embora esse patamar seja maior do que na etapa anterior, de 85,5%, ele estará sob regras de performance diferentes, que passam a valer em 2026. De acordo com as fabricantes e especialistas, esse índice é ainda mais rigoroso do que na primeira etapa. Atualmente, esse índice máximo permitido está em patamares acima de 96%.
A alteração nas regras de produção e comercialização dos produtos vai permitir cortar a emissão de 5,7 milhões de toneladas de gás carbônico até 2030, segundo o Ministério de Minas e Energia. A pasta afirma que, a partir de 2028, os produtos disponíveis nas lojas serão, em média, 17% mais eficientes do que aqueles que são ofertados pelo mercado hoje.
Na visão de Jorge Nascimento, presidente-executivo da Eletros, a mudança elitiza o setor e exclui do mercado geladeiras mais baratas e acessíveis para a população com renda menor. Depois da mudança na norma, as geladeiras mais baratas custarão entre quatro e seis salários mínimos, ou seja, o preço será de pelo menos R$ 5.280.
“Essa decisão é muito prejudicial. As classes C, D e E da população já responderam por 36% do nosso mercado há cinco anos. Hoje elas são somente 11%. E vai diminuir ainda mais”, afirma.
Dados recentes da Eletros apontam que 2023 será o segundo pior ano na última década para o segmento de linha branca – cujos carros-chefes são a geladeira, o fogão e a máquina de lavar. As vendas não devem ultrapassar os 13 milhões de unidades, de acordo com as expectativas da entidade. O pior resultado foi registrado no ano passado, quando foram vendidos menos de 12,5 milhões de geladeiras, máquinas de lavar e fogões.
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