Entenda como os tributos impactam na rotina do consumidor por meio de uma dor dos supermercadistas
Diante de uma legislação extensa e complexa, as empresas do setor de supermercados sofrem para cumprir com as obrigações fiscais existentes no Brasil. Para os supermercadistas, algumas normas e impostos específicos do setor podem agravar ainda mais a situação, como recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto Sobre Serviços (ISS) e o Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins).
“Os supermercados vendem milhares de produtos diferentes e cada um tem um sistema de tributação. Um refrigerante de lata e um de garrafa podem ter tributos completamente diferentes. Essas nuances fazem com que empresas paguem valores mais altos do que deveriam ou que se encontrem em uma situação irregular, caso a contribuição seja incompleta. Alguns estabelecimentos já preveem verbas para pagamento de multas, que por sua vez são repassadas aos consumidores, por meio do aumento de preço dos itens. Consequentemente, há diminuição de margem de lucro para o varejista”, explica o especialista em varejo e sócio-fundador da Amicci, Antônio Sá.
De acordo com dados do Impostômetro, 20,43% do preço final dos itens da cesta básica é composto por tributos. Portanto, segundo o especialista, uma das maneiras mais eficazes para entender os impactos para os supermercados é analisar o que compõe o preço de um produto – uma soma de custos, margem e impostos.
“O lucro é extremamente afetado por conta do regime tributário. O principal ponto é pensar em um planejamento para minimizar os impactos sobre os resultados, sem falar na escolha de um regime adequado mediante as opções disponíveis para a companhia. Vale lembrar que esses fatores afetam diretamente o pagamento de impostos e a gestão financeira do negócio”, alerta Sá.
Como o supermercado pode minimizar o impacto dos impostos?
Na busca por manter a regularidade, Antônio Sá pontua possíveis soluções para que varejistas do setor alimentício driblem as altas cargas tributárias e passem ilesos das autuações e multas por não conformidade. Segundo ele, o primeiro passo para minimizar os impactos fiscais é realizar um planejamento tributário visando redução de custos e riscos.
“Um estudo aprofundado da situação da empresa pode jogar luz sobre oportunidades de redução da carga tributária. Com a liberação de recursos financeiros, outras áreas podem receber investimento e, se realizado com uma estratégia correta, haverá retorno. Outro ponto é a melhoria na tomada de decisão, sempre suportada pelo o que os números mostram”, pontua.
Além disso, o planejamento também é importante para identificar como aproveitar incentivos fiscais, que variam de acordo com a legislação vigente em cada estado. Sendo assim, o especialista em varejo sugere consulta a profissionais especializados, como advogados ou contadores, para avaliar as condições. “O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), por exemplo, garante dedução de 4% do valor gasto com a alimentação dos funcionários. Existem também os incentivos regionais, que podem incluir redução ou isenção de impostos estaduais e municipais, como o ICMS e o IPTU”, explica.
Outra alternativa que também deve ser consideradas na avaliação do sócio-fundador da Amicci é a negociação com fornecedores em busca de melhores valores para redução de custos e melhoria na logística e cadeia de suprimentos, com o objetivo de diminuir os custos de transporte e armazenagem.
Ainda pouco explorada, a criação de marcas próprias também pode ser uma solução, sendo que a principal vantagem é a margem de lucro. Além dos preços atrativos, que podem ser até 20% menores do que marcas líderes de mercado, a qualidade dos produtos ajuda na fidelização do consumidor. “Posso ressaltar como demais benefícios a vantagem competitiva, flexibilidade e preenchimento de lacunas. Sem falar do poder de negociação com a indústria, que também ganha com a estratégia”, conclui Sá.
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