O resultado de dezembro da confiança empresarial reforça o movimento de desaceleração da atividade econômica para o final de 2023, influenciado apenas piora das expectativas para os próximos meses. Já a confiança dos consumidores, que também perdia fôlego nos últimos meses, subiu em dezembro, influenciado exclusivamente por uma reavaliação das perspectivas para os próximos meses. A insatisfação em relação ao momento atual, no entanto, permanece no radar dos consumidores. O cenário foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) nesta quinta-feira, 4.
A confiança da Indústria atingiu o melhor resultado desde outubro de 2022. Em dezembro, a confiança do setor subiu em 2,6 pontos, a maior alta em um único mês no ano. Construção e Comércio ficaram relativamente estáveis, apesar de estarem em níveis diferentes, com seus índices de confiança situando-se em 96,0 e 87,5 pontos, respectivamente. Para o segundo, o desempenho foi aquém do esperado para o período marcado pelas vendas de fim de ano. Serviços observou a quinta queda consecutiva de seu índice, recuando 2,4 pontos, em dezembro, para 92,0 pontos. O resultado reflete, principalmente, a piora das perspectivas dos empresários do setor sobre o futuro.
CONFIANÇA DOS CONSUMIDORES
No âmbito dos consumidores, o resultado positivo, porém tímido, da confiança foi influenciado pela combinação entre a melhora das perspectivas para os próximos meses e piora das avaliações sobre a situação corrente. A melhora das expectativas, em dezembro, interrompe a sequência de quedas iniciadas em setembro e foi disseminada em quase todas as faixas de renda, com destaque para as famílias de menor poder aquisitivo. A resiliência do mercado de trabalho, a continuidade da trajetória de queda dos juros e da inflação, em 2024, são alguns dos fatores que motivaram esse cenário.
Entre as faixas de renda, a confiança dos consumidores de menor poder aquisitivo (com renda até R$ 2.100,00) subiu 1,9 pontos, recuperando 55% das perdas dos últimos dois meses, influenciados principalmente por melhores perspectivas em relação ao futuro. Para os consumidores de maior poder aquisitivo (com renda superior a R$ 4.600,00) a confiança subiu 1,1 ponto, em sua segunda alta seguida.
A queda do indicador de incerteza, em dezembro, foi influenciada majoritariamente pelo componente de Mídia, enquanto o componente de Expectativas, que mede a dispersão das previsões para algumas variáveis econômicas, subiu ligeiramente. O resultado é reflexo da combinação de um quadro econômico resiliente, apesar dos sinais de desaceleração, e de menores ruídos políticos e fiscais no país, para esse fim de ano. Para 2024, ainda há espaço para a queda da incerteza que dependerá, não só da continuidade de resultados positivos para a economia, mas do diálogo colaborativo e produtivo entre os diferentes setores.
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