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A habilidade de estar presente em cada tarefa

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Se alguém dissesse que você desbloqueia o celular de 80 a 110 vezes todos os dias, você acreditaria? Pois essa é a média por pessoa apontada por dados da própria Apple. Depois de uma olhadinha inocente à tela, o cérebro pode demorar de 40 minutos a uma hora para voltar ao nível de foco e produtividade anterior.

Isso sem contar as notificações de e-mails e outras redes que aparecem a todo momento, solicitações diversas que agora chegam por inúmeros canais, a oferta de conteúdo praticamente ilimitada e bastante acelerada (áudio em velocidade 2x do WhatsApp está aí para provar) para qualquer lugar que se olhe, entre muitos outros exemplos. A pergunta que fica em um cenário cada vez mais disperso e acelerado como este é: como estar verdadeiramente presente?

“Os maiores desafios para se manter presente, especialmente no trabalho, estão em resistir à grande quantidade de estímulos externos e manter o foco no que realmente precisa ser realizado. É preciso balancear o acesso à informação e a capacidade de se desconectar para se concentrar no que de fato importa”, fala Carolina Kia, CEO da bud, plataforma que ajuda líderes a adotarem práticas e rotinas mais saudáveis de gestão, e Cofundadora da weme, consultoria de design e tecnologia latino-americana.

Especialista em Negócios de Impacto Social e instrutora de Mindfulness, ela acredita que lidar com estes desafios passa por uma mudança consciente de hábitos diários e uma reavaliação de como interagimos com nossa mente e com a tecnologia.

E o mais importante? A habilidade de estar presente pode, sim, ser desenvolvida mesmo diante deste aparente caos de distrações.

Estar presente: uma habilidade a ser valorizada

As consequências deste mundo acelerado e repleto de distrações ultrapassa o ambiente de trabalho e tem afetado as pessoas de maneira geral. Alguns estudos, inclusive, revelam o quanto isso impacta não só a capacidade de estar presente e manter a calma, mas também a saúde mental.

Uma pesquisa realizada este ano pelo Instituto Datafolha em parceria com a cerveja Eisenbahn apontou que 43% dos brasileiros consideram viver no ritmo 2x, ou seja, muito acelerado. Com isso, nove em cada dez respondentes disseram não se sentir calmos.

Algumas outras conclusões do levantamento alertaram que a maioria das pessoas está vivendo no automático e simplesmente não consegue se desligar.

Já voltando ao ambiente de trabalho, uma pesquisa da Harvard Business Review mostrou que o volume de demandas é um dos principais gatilhos de burnout, o esgotamento profissional. Aqui vale lembrar: o Brasil já é o segundo país com mais diagnósticos desta doença ocupacional no mundo.

“Estar constantemente com a mente sobrecarregada e nunca no momento presente pode levar a uma série de consequências negativas, como redução da eficácia, aumento do estresse e ansiedade, e até o esgotamento profissional. É fundamental reconhecer e gerir esses momentos para manter uma mente saudável e equilibrada”, comenta Carolina Kia.

Por isso, em uma realidade onde a atenção é um recurso escasso, ser capaz de focar e manter a presença torna-se um diferencial crítico. Para a CEO da bud, a habilidade passa a ser cada vez mais valorizada pela diferença positiva que pode trazer para a construção de relações mais autênticas e significativas, tanto pessoais quanto profissionais.

“Eu realmente acredito que as pessoas são incríveis quando estão presentes. Nós somos mais produtivos, tomamos melhores decisões, nos tornando mais adaptáveis e eficazes em ambientes de trabalho dinâmicos. Mas, principalmente, estar presente não é apenas sobre nós mesmos: olhamos mais nos olhos, escutamos mais e julgamos menos. Somos mais compreensivos e mais gentis e aí podemos oferecer o que temos de melhor aos outros”, defende a especialista.

É possível treinar a presença. Como fazer?

Pesquisas mostram que o bem-estar, incluindo a habilidade de estar presente, é baseado em circuitos neurais que exibem plasticidade. Isso é uma ótima notícia, pois significa que é possível fortalecê-los através da prática.

Para isso, a CEO da bud, Carolina Kia, recomenda técnicas como meditação mindfulness, exercícios de atenção plena e pausas regulares para descompressão mental, que ajudam a treinar a mente para focar no momento atual com tempo, energia e atenção, além de reduzir a susceptibilidade a distrações.

Já especificamente para quem atua em escritório ou mesmo no home office, a organização do espaço de trabalho e o uso estratégico da tecnologia são essenciais.

“Os nossos computadores e celulares possuem muitas distrações que podem tirar o nosso foco em momentos de concentração. No ‘Quadro da Presença’, compartilhei sobre os ‘truques de presença’. Pessoais e provisórios, cada pessoa pode desenvolvê-los a partir da auto-observação e testes que funcionem para o seu contexto”, explica.  

Desenvolvido a partir de sua experiência com profissionais de alta performances e líderes de grandes organizações, o Quadro da Presença consiste em um framework visual que envolve quatro etapas:

  1. Definir uma atividade a ser realizada por 25 minutos (por exemplo, “zerar meus e-mails”).
  2. Observar e fazer anotações, desde sensações no corpo, pensamentos e sentimentos a coisas que causaram distração (como “acabei me distraindo com o TikTok”).
  3. Refletir e identificar padrões que ocasionaram a perda de foco e o que foi feito para retomá-lo (exemplo: “um e-mail difícil me faz olhar o celular”).
  4. Criar truques de presença: a partir do que foi observado em sua própria rotina, é possível adotar ou eliminar ações que ajudem a estar presente em cada tarefa diária (como “deixar o celular fora de vista” ou “colocar e-mails difíceis na lista de tarefas posteriores”).

O papel de cada um no cultivo da presença

Enquanto cada pessoa pode e deve buscar estratégias para aprimorar sua habilidade de estar presente no ambiente de trabalho e nos momentos relevantes da vida, seja com o uso de técnicas de foco e gerenciamento de tempo, a designação de horários específicos para cada atividade ou a eliminação de distrações desnecessárias, as empresas também têm um papel relevante neste sentido.

Afinal, a falta de foco está diretamente atrelada à produtividade. Um relatório feito pela Reclaim, plataforma de gerenciamento de tempo e equipes baseada em IA, descobriu que apenas 53,3% do tempo dedicado ao trabalho é realmente produtivo.

Não é para menos: em média, um funcionário em uma jornada padrão passa por 31,6 interrupções por dia. Por sua vez, a maioria dos líderes respondeu que sua capacidade de defender sua equipe de distrações é somente regular, com uma nota média de 5,3.

A especialista Carolina Kia afirma que a responsabilidade de desenvolver habilidades que lidem com cenários como este não está só na mão dos profissionais. As empresas também devem atuar para criar ambientes de trabalho que promovam o foco e a presença.

“Se queremos ambientes de trabalho mais saudáveis, precisamos começar pelas práticas de gestão e liderança. O exemplo é a plataforma da bud, que guia líderes para a ação em práticas que promovam mais autonomia, transparência, colaboração e suporte”, diz.

Além de contar com tecnologias de apoio, são caminhos possíveis investir em treinamentos de mindfulness e programas de bem-estar, criar ambientes de trabalho amigáveis e que minimizem distrações, estabelecer metas claras e mesuráveis, e, por fim, promover uma cultura de respeito ao tempo, que incentiva reuniões eficientes, uma comunicação clara e políticas que cortem interrupções desnecessárias.



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