O comércio não quer vender a qualquer custo. É o que diz Alberto Serrentino, fundador da Varese Consultoria de Varejo. Para o especialista, o varejo está buscando vender os produtos de forma mais sustentável ao negócio e, por isso, o consumidor não deve encontrar muitas promoções. Serrentino diz que o crescimento das vendas deve ser moderado para este Natal, considerando a queda no desemprego, o aumento de renda dos brasileiros e a queda da inflação.
O que deve limitar o consumo é o preço dos alimentos. Com aumento dos preços, o consumidor tem menos dinheiro disponível para gastar com as festas de final de ano, segundo Tavares. O setor de vestuário teve um desempenho ao longo de 2023 abaixo do que o registrado em outros anos, puxado pelos preços e pela concorrência com sites internacionais que vendem peças com preços muito mais baixos.
Os bens duráveis estão mais baratos neste Natal, mas os consumidores devem comprar mais alimentos. Produtos como eletrodomésticos e eletrônicos estão mais baratos porque houve uma queda nos preços dos insumos industriais, segundo Isabela Tavares, economista e analista da Tendências Consultoria. O câmbio também favoreceu, porque com o dólar mais baixo, fica mais barato importar insumos.
A gente não deve ter um Natal de [vendas] de bens duráveis, de alto valor. Uma máquina de lavar, geladeira, um carro; as vendas ainda não vão ser tão grandes justamente porque o juro está alto, em 11,75%.
André Braz, economista e analista de inflação do FGV Ibre
As famílias devem comer melhor neste Natal, segundo Braz. Apesar de os alimentos estarem mais caros, os preços subiram menos em comparação ao mesmo período do ano passado e as lojas devem vender mais comida do que presentes. “A renda aumentou, mais famílias estão empregadas, o PIB cresceu, os preços estão mais confortáveis. As famílias vão comer melhor, o que já é um grande passo”, afirma Braz.
A cautela do varejo é motivada pelos juros altos e a inflação ainda pressionando o poder de compra dos brasileiros. Gustavo Senday, analista de varejo da XP, afirma que o comércio ainda sofre com as taxas de juros, mesmo que em queda. Na última reunião, o BC decidiu cortar a Selic de 12,25% para 11,75% ao ano.
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