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GNV tem reajuste médio de 8,57% para consumidor final

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Felipe Salustino
Repórter

Desde o início do ano a molécula de gás tem sido repassada à Potigás, única distribuidora do produto no Rio Grande do Norte, ao preço de R$ 2,20, ou seja, 34% mais caro do que o valor anterior (R$ 1,12), o que resultou em um aumento de 13,45% do preço do metro cúbico do Gás Natural Veicular (GNV) entregue aos revendedores. Segundo a Companhia, o m³, que em outubro de 2023 era repassado para revenda a R$ 3,42, passou para R$ 3,88 (alta de R$ 0,46) neste mês de janeiro.

Nas bombas, o GNV é vendido, na maioria dos estabelecimentos de Natal, a R$ 5,19, conforme levantamento feito pela TRIBUNA DO NORTE no aplicativo Nota Potiguar, do Governo do Estado. O valor corresponde a uma alta de 8,57% em relação ao último levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que compreende o período de 31 de dezembro de 2023 a 6 de janeiro deste ano. O preço médio do metro cúbico nas bombas, conforme análise da ANP, era de R$ 4,78.

A Potigás explicou, por meio de nota, que o aumento se dá em razão de a Companhia ter começado a pagar “34% mais caro pelo gás natural que adquire junto aos produtores para distribuir para o RN”. Questionada sobre o fato de o reajuste registrado para as revendedoras ser maior do que o observado nas bombas, para o consumidor final, a Potigás informou que comenta apenas dados da própria distribuidora.

Maxwel Flor, presidente do Sindipostos RN diz acreditar que uma das explicações para o valor reajustado nas bombas é o receio, por parte dos revendedores, de inviabilizar a venda do produto. “Enxergo que o revendedor entende que, se repassar todo o aumento, o uso do produto, cujo preço já está muito próximo ao da gasolina, será inibido. Isso pode gerar desconversão, o que é muito ruim para o mercado [de instalação de GNV], porque, quando isso acontece, geralmente nunca ocorre uma reinstalação. Outra preocupação é com a retração de consumo”, afirma.

Flor reforça que o Sindipostos não interfere nos preços ofertados pelos revendedores e pontua que não dá para dizer se haverá novos reajustes nas bombas em breve. “Agora é o momento de fazer as contas e avaliar o impacto dos reajustes nas vendas. Cada um analisa se é preciso segurar os preços ou reajustar em um novo valor, que ainda pode ser menor ao repassado pela Potigás ou igual”, indica.

A Potigás destacou, em nota encaminhada à reportagem, o fato de que o RN é um Estado produtor de gás e disse ser necessário “responsabilidade social por parte das empresas” para entregar um gás a preço justo. “Isso infelizmente não está acontecendo. O aumento é ruim não apenas para os usuários de GNV, mas para a própria Potigás e para o Rio Grande do Norte. A Companhia não é remunerada pela venda do combustível e tem nos usuários de GNV seu principal público consumidor de gás natural no Estado”, disse a empresa.

Segundo a Potigás, o RN conta com mais de 50 mil veículos que abastecem com GNV. “Nosso compromisso é estar em constante negociação com as empresas que exploram o gás natural em nosso Estado e no Brasil para conseguir a tarifa mais barata e competitiva possível para beneficiar os que utilizam esse combustível”, esclareceu a Companhia.

Alta desagrada motoristas de transporte por aplicativo

A alta registrada desagradou os consumidores, especialmente os motoristas de transporte por aplicativo, que se reuniram em um protesto contra o reajuste na manhã da quarta-feira (10), em Natal. Os motoristas Danihel Breno e Jonathan Paulli reclamam do reajuste e apontam que, sem mudanças no preço das viagens, a situação para a categoria fica ainda mais complicada.

“O GNV está mais caro do que o álcool e quase do mesmo preço da gasolina, então, para os motoristas fica a indignação”, menciona Breno. “Para a gente que roda de aplicativo, o preço das viagens permanece o mesmo e está ficando inviável abastecer porque o custo com gás é quase o mesmo da gasolina”, completa Jonathan. Ele diz que o uso do GNV ainda não representa necessariamente uma desvantagem, mas o temor é de que haja novos reajustes.

“No meu caso, considero que não há vantagem, mas também ainda não é uma desvantagem, mas se os preços continuarem em escalada, certamente minha situação vai ser de dificuldades. Ano passado, houve reduções, que não chegaram as bombas, então, esse aumento agora é é ridículo”, afirma Jonathan Paulli.

Gabriela Lima trocou de carro há 15 dias e, diferentemente do veículo anterior, decidiu manter o funcionamento do novo automóvel com gasolina. “No carro antigo eu rodava com gás, mas em razão dos muitos aumentos, daqui a um tempo não vai mais compensar utilizá-lo. Por isso, irei manter a gasolina, uma vez que meu veículo é econômico, não perderá autonomia e precisará de bem menos manutenção do que seria necessário com o gás”, relata.

Para quem trabalha com instalação de Gás Natural Veicular, os reajustes têm provocado impactos profundos. “Aqui na oficina, há cerca de um ano, a gente tinha uma demanda média de 15 a 20 instalações por semana. Em dezembro passado, durante todo o mês, foram apenas seis. Essas perdas vêm se acumulando, na verdade, há 10 anos, porque falta incentivo para o uso do gás”, critica José Antônio Rodrigues, proprietário de uma oficina de instalação de GNV.



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