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Inadimplência cai, apesar de endividamento alto

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De acordo com os dados publicados nesta terça-feira pelo Banco Central, a taxa de inadimplência das famílias nas operações com recursos livres soma quatro quedas consecutivas na comparação mensal. Desta vez o recuo foi mais tímido, de 5,93% para 5,91% na passagem de setembro para outubro. Desde o início do programa federal de renegociação de dívidas, o ‘Desenrola’, a taxa recuou 0,39 pontos percentuais; no entanto, esta retração não deve ser atribuída somente ao programa, adverte o Boa Vista.

Na cidade de São Paulo, cerca de 26,4 mil famílias conseguiram quitar as dívidas entre outubro e novembro e, com isso, sair da lista de inadimplentes. Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o porcentual de lares nessa situação caiu para 23,5%.

Neste mesmo período o indicador da Boa Vista de Registros de Inadimplentes também acumulou quatro quedas na comparação mensal e o crescimento na curva de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, desacelerou de 20,0% ao final do 2º trimestre para 10,3% em outubro.

Renda ainda está comprometida com dívidas

O endividamento, na análise nacional da Boa Vista, retraiu timidamente para 67,5%, enquanto o volume de lares ainda sem condições de quitar as contas atrasadas permanece estável pelo menos desde agosto, desta vez na casa dos 10,7%. A preocupação com o indicador se deve ao fato de que, há exatamente um ano, esse percentual era relativamente menor, 9%.

Também houve um aumento significativo da parcela da renda dos lares comprometida com dívidas. Em novembro, cerca de 31,7% das receitas domésticas estavam direcionadas a esse fim, no intervalo de um ano — o maior da série histórica da FecomercioSP, iniciada em 2010.

Considerando o alongamento desse prazo — atualmente de 8,1 meses, em média —, é possível afirmar que os consumidores têm comprometido a renda com valores mais elevados nas parcelas e por mais tempo.]

Concessão de crédito não ganhou força mesmo após quedas na taxa de inadimplência

“Sem dúvida, o mês de outubro marcou a mais importante das etapas do ‘Desenrola’, quando as pessoas elegíveis, ou seja, aquelas com ganhos de até dois salários-mínimos e que tinham alguma restrição de crédito desde o final do ano passado, puderam renegociar até R$ 5 mil em dívidas. O resultado dela foi positivo: de acordo com o Ministério da Fazenda, R$ 151 bilhões em dívidas foram renegociados a um valor de R$ 25 bilhões, um desconto médio de 83%. Isso foi, ao menos parcialmente, captado pelo indicador da Boa Vista de Recuperação de Crédito, que cresceu 8% entre os meses de junho e outubro na comparação dos dados dessazonalizados, mas não podemos deixar de lado outros fatores igualmente ou mais importantes, como a melhora nos números do mercado de trabalho – que já eram bons –, o controle da inflação e a melhora na renda real, assim como a redução nos juros e gradativa no endividamento das famílias. Foi o efeito destes fatores que melhoraram os números de registros nos últimos meses e são eles que no longo prazo farão com que a inadimplência siga por um caminho de queda sustentável”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.

A inadimplência, nacionalmente, está no mesmo patamar de dezembro do ano passado e a taxa média de juros cobrada das famílias nas operações com recursos livres num patamar muito próximo. Desde o final de junho ela recuou 3,68 pontos percentuais, para 55,37%. Em dezembro de 2022 ela estava na marca de 55,66% ao ano. Este recuo nos últimos quatro meses se deveu a uma queda no spread bancário de 3,71 pontos percentuais, para 43,68 pontos.

Os dados da FecomercioSP mostram que a redução da inadimplência em novembro foi mais significativa para famílias com renda mensal superior a dez salários-mínimos, passando de 12,4%, no mês anterior, para 11,6%, redução de 0,8 ponto porcentual (p.p). No outro grupo das famílias com renda até dez salários-mínimos, a queda foi menor: de apenas 0,4 p.p, chegando a 28,2% no mês.

Ainda assim, a retração dos inadimplentes em São Paulo expressa a melhora da situação econômica em geral do país. Segundo a Federação, é importante considerar os efeitos do programa Desenrola Brasil, do governo federal, em vigor desde agosto, para tentar diminuir o fenômeno.

“Apesar da melhora, os juros ainda estão em níveis altos e fazem com que a concessão de recursos livres continue desacelerando, mesmo com a inadimplência em queda. Em 12 meses acumulados a concessão aponta alta de 9,7%, em junho esse número era de 13,2%. O indicador da Boa Vista de Demanda por Crédito do Consumidor referente ao segmento ‘Financeiro’ antecipou esse movimento e no mesmo período teve crescimento desacelerado de 13,1% para 10,3%. Outro motivo que pode explicar a falta de tração no crédito, além da base de comparação elevada, é o fato de que os credores sabem que parte dessa queda na inadimplência pode ter sido ‘forçada’ por um fator que, espera-se, não seja recorrente. Recentemente o presidente do Banco Central fez uma apresentação na qual dizia que um dos motivos para o alto spread no Brasil era o percentual baixo de recuperação de valores repactuados no país. O dado apresentado era de 18,2% e referente a 2020, não muito diferente do valor renegociado das dívidas por meio do ‘Desenrola’. Se esta prática se torna frequente o spread pode até cair, como temos visto, mas provavelmente num cenário de crédito mais restrito e de demanda reprimida, caso contrário, o spread terá mais um obstáculo a superar”, conclui Calife.

Como o brasileiro se endivida

No caso da inadimplência, o destaque negativo na avaliação da FecomércioSP ficou por conta do tempo de atraso, que segue elevado: média de 68,6 dias para liquidar as dívidas — a maior registrada desde março de 2019.

O cartão de crédito (84,4%) continua a ser o principal motivador de endividamento em São Paulo, seguido pelos carnês (15,5%) e pelos financiamentos de imóveis (13,4%). Esses números mostram que, ainda que os juros estejam em patamares elevados, as famílias têm encontrado opções facilitadas de crédito — tanto para consumo rápido como para compra de bens de longo prazo, como a casa própria.

Os dados indicam que os paulistanos estão mais confiantes em consumir: em novembro, o Índice de Intenção de Consumo (ICF) subiu 0,7%, atingindo 113,2 pontos, o maior patamar desde maio de 2014. No comparativo anual, o índice avançou 22,3%.

Indicadores que compõem a métrica ajudaram a definir o resultado: o nível de consumo atual cresceu 3,4%, atingindo 93,4 pontos, enquanto o nível de renda e o de acesso ao crédito também registraram alta. A inflação sob controle e os juros em queda contribuem para a manutenção de um cenário positivo, sem contar a chegada do décimo terceiro salário, capaz de influenciar o consumo de bens e serviços e de liberar o pagamento de contas.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.

O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos.

Já o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo e Momento para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, no qual abaixo de cem pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório.

O objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio, tornando possível, a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso de modelos econométricos, ser uma ferramenta poderosa para o varejo, para os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições financeiras.





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