A melhora das expectativas do consumidor de renda mais baixa foi o principal motor da recuperação do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), que subiu 0,7 ponto em dezembro, para 93,7 pontos. Essa foi a primeira alta do índice depois de duas quedas seguidas.
Geórgia Veloso, economista do FGV Ibre, afirma que o resultado de dezembro aconteceu “estritamente” pelas expectativas, que vinham em queda nos últimos meses. Ela ressalta que, mais especificamente, essa recuperação foi concentrada nas expectativas dos consumidores de renda mais baixa.
A confiança como um todo subiu 6,1 pontos em dezembro na faixa de renda mais baixa, com ganhos de até R$ 2.100,00 por mês, para 88,6 pontos. Apesar da alta, o patamar de dezembro ainda é o menor entre as quatro faixas de renda abarcadas pela pesquisa. Dentro dessa faixa de renda mais baixa, o Índice de Expectativas (IE) saltou de 87,3 pontos para 96,7 pontos.
“O resultado de dezembro é [alcançado] estritamente pelas expectativas, que vinham em queda nos últimos meses”, afirma Veloso, para quem os consumidores enxergam o saldo positivo no ambiente macroeconômico, com inflação controlada, avanços no mercado de trabalho e a continuidade do ciclo de queda de juros esperado para o ano que vem.
“Os avanços vieram do consumidor de menor poder aquisitivo, que depende muito desses fatores [macroeconômicos]”, acrescenta a economista.
Veloso pontua que essa melhora, mesmo na renda menor, está calcada de fato nas expectativas e lembra que para, esse consumidor, a situação financeira familiar atual segue sendo vista com pessimismo, na casa de 64,6 pontos.
No ICC como um todo, em dezembro, além da alta de 0,7 ponto, o IE subiu 2,5 pontos, alcançando 103,3 pontos após três quedas consecutivas, enquanto o Índice da Situação Atual (ISA) caiu pelo terceiro mês consecutivo, dessa vez em 1,7 ponto, para 80,4 pontos.
Sobre o cenário para os próximo meses, Veloso considera o panorama “ainda desafiador”, pois, apesar da expectativa em alta, a situação financeira das famílias ainda está comprometida, com endividamento elevado. Para ela, uma melhora consistente do ICC só aconteceria a partir do meio do ano, caso as condições macroeconômicas sigam evoluindo.
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